segunda-feira, 5 de setembro de 2011

continuação

E enquanto ele me falava da pleura, de uma pleura doente, de uma pleura terminal, da pleura cancerígena que lhe irá roubar uma amiga, deixei de o ouvir.
Concentrei-me na definição de pleura, enquanto membrana que protege  um orgão, soldado corrompido, militar sem armas, combatente derrubado.
Então pensei que todos os corações deveriam ter uma pleura e o meu também. Uma membrana espessa o suficiente para nos proteger dos amores doridos, das saudades pontiagudas, das emoções minadas, da paixão cortante.
E enquanto ele falava- e eu ouvia-o ao longe- a minha pleura cardíaca, em agonia, morria devagarinho e deixava o perigo entrar.

1 comentário:

mfc disse...

Nunca somos imunes...