A verdade é que ela não lidava bem com a rejeição. Não se tratou de a expulsar, deixei-a onde ela queria estar e preferi levantar-me e vir-me embora. Ainda que vir para longe dela fosse uma incógnita, mas a ideia de a ter longe reconfortava-me.
Sempre me dei mal com gente demasiado intensa. Gosto do meio-termo, do equilíbrio, de quem não ama em demasia nem odeia em demasia. Gosto de quem sabe gostar. Saber gostar é um dom.
Sempre me dei mal com gente demasiado intensa. Gosto do meio-termo, do equilíbrio, de quem não ama em demasia nem odeia em demasia. Gosto de quem sabe gostar. Saber gostar é um dom.
Também os outros- soube depois- a deixavam estar mas ela não queria ser deixada estar. Deixavam-na sossegada, num ambiente contentor onde ela poderia continuar. Não era pena, não era maldade, era apenas o reflexo da saturação, era só um adeus. Dizer adeus requer coragem. Aceitar um adeus requer dignidade.
Mas ela não queria ficar longe no ambiente contentor e ia atrás, expunha-se ao frio e às intempéries, sujeitava-se ao ridículo e à pena, apenas porque não aguentava a ideia da rejeição.
Enquanto ela perseguia quem dela fugia perdia o quentinho do ambiente contentor. A possibilidade de acolher novas pessoas, de investir energia nelas, e cansava-se. Cansava-se muito.
E não percebia que o conjunto de pessoas que dela fugia se juntavam, inicialmente, com o pretexto único de fugir dela. Mas que, entretanto, criavam laços.
Ao fim do dia, findas as perseguições (ela cansava-se) juntavam-se num outro ambiente contentor, onde ela não conseguia entrar e ela já não era o tema de conversa. Apenas uma sombra incómoda. Um insecto aborrecido.
Ao fim do dia, findas as perseguições (ela cansava-se) juntavam-se num outro ambiente contentor, onde ela não conseguia entrar e ela já não era o tema de conversa. Apenas uma sombra incómoda. Um insecto aborrecido.
Ela continuará a correr, a perseguir quem lhe disse adeus só porque quis jogar à verdade ou consequência. Mas não estava pronta para a verdade e a consequência. Nem para jogar. Porque saber perder não é para todos.
E nesse sítio, enfim, onde estou eu (estás tu) as pessoas gostam moderadamente. E gostam longitudinalmente. E persistem no tempo e no espaço sem medo de rejeições. Porque gostar de forma equilibrada é um dom.
E nesse sítio, enfim, onde estou eu (estás tu) as pessoas gostam moderadamente. E gostam longitudinalmente. E persistem no tempo e no espaço sem medo de rejeições. Porque gostar de forma equilibrada é um dom.
2 comentários:
É sim.
Um dom exclusivo das (dom)zelas.
(consegui, vá.)
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