Não sei se a decisão de viajar no banco da frente- aquele que tem uma dobradiça que recolhe contra a parede da carruagem- foi a melhor. Nem sempre os viajantes de primeira carruagem são os que mais depressa chegam ao destino. Está mais que provado.
Mas sou assim, gosto de ver o caminho em frente. Gosto de adivinhar o que se vislumbra depois da curva vertiginosa. Gosto de sentir o outro comboio em sentido contrário passar a alta velocidade e resvalar neste onde estou, naquele apito quase barulho estridente ao rubro.
Avisaram-me que se viaja melhor na última carruagem mas eu acho que essa só serve para os passageiros apressados que entram rés-vés na viagem, sem a firmeza que os meus passos preferem. Não gosto de ver o que fica para trás.
É preciso ser muito crente para se comprar uma viagem de ida e volta. Partir do pressuposto que se volta de certeza absoluta é para mim, mais que uma presunção, uma prova de profunda ignorância. Ingenuidade. Andei num comboio a 500 km/hora e quis, agora, parar numa plataforma qualquer só para descansar 2 minutos. Parar e vislumbrar comboios de alta velocidade, de ambos os lados do banco onde me sentei para descansar. Parar e vislumbrar. Sem sair do lugar. O movimento sempre me impeliu mas desta feita, pela primeira vez, sou-lhe passiva.
Mas sou assim, gosto de ver o caminho em frente. Gosto de adivinhar o que se vislumbra depois da curva vertiginosa. Gosto de sentir o outro comboio em sentido contrário passar a alta velocidade e resvalar neste onde estou, naquele apito quase barulho estridente ao rubro.
Avisaram-me que se viaja melhor na última carruagem mas eu acho que essa só serve para os passageiros apressados que entram rés-vés na viagem, sem a firmeza que os meus passos preferem. Não gosto de ver o que fica para trás.
É preciso ser muito crente para se comprar uma viagem de ida e volta. Partir do pressuposto que se volta de certeza absoluta é para mim, mais que uma presunção, uma prova de profunda ignorância. Ingenuidade. Andei num comboio a 500 km/hora e quis, agora, parar numa plataforma qualquer só para descansar 2 minutos. Parar e vislumbrar comboios de alta velocidade, de ambos os lados do banco onde me sentei para descansar. Parar e vislumbrar. Sem sair do lugar. O movimento sempre me impeliu mas desta feita, pela primeira vez, sou-lhe passiva.
Daqui a nada embarco no próximo comboio. Já comprei bilhete de ida, como aliás nunca deveria ter deixado de fazer. A única certeza que eu tenho são todas as possibilidades que a vida me pode oferecer. Por isso a vida se esgota: ninguém vive mais que todas as possibilidades que há no Mundo para viver. E o Mundo, tal como as possibilidades, é finito. Depois há as probabilidades de se viver mais de que uma vez, mas isso vem a ser outra história.
O primeiro João que amei, um filósofo gorducho e de mosca no queixo, disse-me uma vez que viver a mesma coisa duas vezes era impossível. E citou-me qualquer coisa como, a mesma água não passa duas vezes por debaixo da mesma ponte. E, enquanto afagava o mosquito de Sócrates tatuado no ombro robusto, deu uma risada e exclamou "Quem quer viver a mesma coisa duas vezes na mesma vida, quando há todas as outras possibilidades para se descobrir, gastar e viver?". Perdi o João, numa estação qualquer distante, onde andaremos sempre a tentar embarcar em sentidos contrários. Caminhos descruzados.
Agora respiro fundo. Seguro com veemência o bilhete (nunca mais arrisco viajar sem ele, a multa é cara demais). Quero voltar a viajar a 500 km/hora, sem desculpas para descansos ou gazeta. "A melhor maneira de viajar é sentir". Reitero. E tu, sente-lo?
O primeiro João que amei, um filósofo gorducho e de mosca no queixo, disse-me uma vez que viver a mesma coisa duas vezes era impossível. E citou-me qualquer coisa como, a mesma água não passa duas vezes por debaixo da mesma ponte. E, enquanto afagava o mosquito de Sócrates tatuado no ombro robusto, deu uma risada e exclamou "Quem quer viver a mesma coisa duas vezes na mesma vida, quando há todas as outras possibilidades para se descobrir, gastar e viver?". Perdi o João, numa estação qualquer distante, onde andaremos sempre a tentar embarcar em sentidos contrários. Caminhos descruzados.
Agora respiro fundo. Seguro com veemência o bilhete (nunca mais arrisco viajar sem ele, a multa é cara demais). Quero voltar a viajar a 500 km/hora, sem desculpas para descansos ou gazeta. "A melhor maneira de viajar é sentir". Reitero. E tu, sente-lo?
4 comentários:
Por vezes é bom descansar, nem que sejam só 2 minutos, numa estação qualquer, entre viagens... mas parar é morrer, por isso só nos resta entrar no próximo comboio, antes que seja tarde demais... se a viagem vai ser boa ou má, só depois de entrar o poderemos saber, mas quem não se arisca a uma má viagem nunca vai conseguir fazer uma boa.
Boa viagem!
Efectivamente, não é preciso ir para longe para viajar...
E é mais barato tb...
:-)
Cantinho,
Embarcas?
cavaleira,
do longe se faz perto.
Xi.
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