quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Terror (isto)



Este fim-de-semana vi um documentário acerca do 11 de Setembro. Falava-se nos suicídas do atentado. Não os suicídas muçulmanos, que defendiam uma causa religiosa fundamentalista. Mas, sim, os suicídas que trabalhavam no World Trade Center e que tiveram que escolher entre morrerem queimados e asfixiados ou saltarem pela janela dos seus escritórios.
Parece-me, a mim, que em situação de morte iminente, cabe ao ser humano reclamar o seu último reduto de humanidade: o poder de decisão. E se os factores externos têm o poder de nos pressionar, de nos limitar o leque de opções, a escolha será, em última análise, um direito que nos assiste.
Nestes últimos meses, a morte esteve perto: para mim e para ti. Falo-te da "morte emocional", que é muito mais derradeira que a física. E sei que compreendes bem. E se, neste momento, te sentires uma zombie, uma morta-viva deixa que te pergunte: preferes morrer queimada e asfixiada ou alinhas num voo picado para a morte?
Eu, que morri também emocionalmente nos últimos meses confidencio-te a minha conclusão: morrer por morrer, morro consciente da liberdade plena de voar sem asas. De sentir taquiardia e aproveitar os últimos segundos de uma vida plena de humanidade. De, como diz o Pedro Abrunhosa num dos seus brilhantes poemas, "ser dona do céu". Pensa nisto. Miss you.